terça-feira, 3 de maio de 2011

Trabalho diversificado: Procedimento que atende às diferenças individuais dos alunos

     Nos últimos anos, tem-se observado um interesse crescente pela busca de propostas alternativas para o cotidiano do processo educativo. As propostas desenvolvidas em sala de aula, geralmente, apresentam-se embasadas em pressupostos teóricos que valorizam o conhecimento como algo pessoal, inacabado, passível de transformação, que pode ser construído especialmente através da interação do indivíduo com o meio físico e social.
    Nessa perspectiva, o processo ensino-aprendizagem é considerada um ato intencional significativo no qual o indivíduo adquire informações através da problematização, do levantamento de hipóteses, da compreensão, do contato com a realidade, com o meio ambiente, com outras pessoas, enfim, com as interações que realiza.
   Dentre os teóricos interacionistas que defendem essas ideias, destacamos L. S. Vygotsky pela sua relevante contribuição sobre o desenvolvimento já atingido. O grande desafio está no nível de desenvolvimento e a aprendizagem. Segundo esse autor, o nível de desenvolvimento real representa o estado alcançado pela evolução das funções já amadurecidas pelo indivíduo, fruto do processo de desenvolvimento já atingido.
    O grande desafio está no nível de desenvolvimento potencial, que representa o que o indivíduo poderá alcançar em matéria de aprendizagem com o auxílio do professor, dos colegas de classe ou através de outras interações. A distância entre o nível real e o nível potencial é representada pela zona de desenvolvimento proximal, que se constitui em um nível intermediário ideal para a atualização do professor.
    Assim, o professor não poderá ter uma postura autoritária, impondo, entre outras coisas, um conhecimento pronto, acabado, inquestionável, sem significado para o aluno, nem ser omisso, caindo em um espontaneísmo pedagógico em que tudo é permitido incontestavelmente. O professor assume a postura de mediador, proporcionando diferentes alternativas para a construção do conhecimento, como, por exemplo, através de atividades diversificadas e contextualizadas, uma vez que nelas se consideram o desenvolvimento pessoal e a realidade do aluno, respeitando-se assim sua natureza, levando-o a refletir e a problematizar os temas de ensino.
    Ao propor o trabalho diversificado, o professor deve considerar que a sua turma é, antes de tudo, um grupo social e, como tal, deve realizar atividades coletivas. Deve também, ter em mente a organização de atividades em três níveis: no coletivo(com a turma toda), em pequenos grupos e individualmente.
   As atividades podem se diversificar em diferentes situações educacionais. Como exemplo, destacamos aquelas em que existam:
- Diferenças acentuadas nos interesses dos alunos em certas atividades;
- Alunos com deficiência determinadas;
- Alunos com dificuldades de ajustamento. Para propor um trabalho diversificado em sala de aula, o professor deve estar consciente de que os alunos terão que ser preparados para trabalhar de forma independente.
   Sugerimos que, num trabalho independente, os alunos devem:
- Observar os momentos de escutar o outro;
- Cuidar do tom de voz para não atrapalhar os demais grupos;
- Refletir e compreender as orientações orais e escritas;
- Avaliar a atividade realizada com a intervenção do professor e dos colegas;
- Ter cuidado na movimentação dentro da sala de aula;
- Realizar o trabalho com independência, persistência, organização e responsabilidade.

Organizando a sala de aula
   A organização da sala de aula para um trabalho diversificado não deve ser fixa, e sim determinada pelos objetivos a serem trabalhados em cada atividade, pelas próprias condições físicas do lugar e pelo número de alunos existentes em cada classe.
   Marcozzi e outros autores sugerem formas de organização da sala de aula que prioritariamente devem atender aos objetivos do trabalho pedagógico, lembrando que sempre se parte de uma arrumação básica, pois permite uma movimentação rápida de alunos e mobiliário.
   Para agilizar parte do trabalho diversificado, a sala deverá ser dividida em cantinhos, da leitura, do jogo, da matemática, das atvidades manuais...
  Os cantinhos devem ser construídos pouco a pouco, atendendo às expectativas e às necessidades dos indivíduos. Eles devem se apresentar organizados previamente.

Conclusão
   O trabalho diversificado em sala de aula constitui-se em uma alternativa capaz de atender às diferenças individuais, envolvendo os alunos em diversas atividades, criando um ambiente de trabalho amistoso e atraente, onde todos tenham a oportunidade de trabalhar a cooperação, o respeito e a convivência em grupo, e entendam que, apesar das diferenças pessoais, existem interesses, objetivos maiores, que são comuns para serem conquistados.

Referências Bibliográficas:
FARIA, Yara Prado de. Por Que Trabalho Diversificado? Revista Criança, n°20, jan.1989.
Marcizzi, Alayde M adeira; DORNELLES, Leny Werneck; REGO, Marion Villas Boas Sá. Ensinado à Criança: um Guia para o Professor. 3. Ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976.
SMOLKA, A. L. B. A Prática Discursiva na Sala de Aula; uma Perspectiva Teórico e um Esboço de Análise. Cadernos Cedes, São Paulo, n°24, 1991.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

Fonte: Revista do professor. Ano XIII, n° 50, abr. a jun., Porto Alegre: CPOEC 1997. p. 26-27.

Maria Cristina Etto é licenciada em Pedagogia e pós-graduada em Teotrias e Práticas Atuais, em Administração Educacional e Psicologia Escolar.
Maria Regina Peres é licenciada em Pedagogia e Biologia e pós-graduada em Educação - Metodologia do Ensino

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